Após 1967, a ditadura militar brasileira estava aumentando a repressão contra os movimentos de protesto ao governo. E naquele período as manifestações estudantis eram os mais expressivos meios de denúncia e reação contra as arbitrariedades do governo. A cada ato de represália militar, as forças de oposição ganhavam mais apoio popular.O movimento culminou na Passeata dos Cem Mil, em junho de 1968, que ocorreu no centro do Rio de Janeiro, na Cinelândia, sendo a maior e mais representativa manifestação de protesto ocorrida no país desde a instalação do regime militar.
Em março daquele mesmo ano, um estudante secundarista tinha sido baleado por um policial dentro de um restaurante universitário. O cortejo foi acompanhado por aproximadamente 50 mil pessoas, o que já mostrava a inclinação da população contrária aos atos de extrema violência praticada pelo regime. Em abril, outro evento marcante foi durante a missa da Candelária, no qual soldados a cavalo investiam contra todos os presentes no local.
As manifestações eram promovidas pelo movimento estudantil, mas contou também com a participação de profissionais liberais e religiosos, assim como de intelectuais, entre escritores, jornalistas, professores, cineastas, atores e músicos do país, que eram perseguidos pela censura.
Durante os confrontos com o governo, muitos jovens morriam, ou eram seqüestrados e torturados. O que atemorizava as mães era o fato constatado de que se hoje morreu um jovem, amanhã poderia ser um de seus filhos.
Esse foi um dos marcos do movimento, a grande mobilização da classe média, principalmente o público feminino. Geralmente esta é a ala mais moderada e apática perante movimentos sócio-políticos. Evento que se tornou comum nos movimentos contrários às ditaduras latino-americanas.
Com maciça adesão popular, refletindo o seu crescente descontentamento, o movimento reivindicava o fim da censura, o restabelecimento das liberdades democráticas, pondo fim à repressão e a redemocratização do país. Porém, em dezembro daquele ano, o governo endureceu o regime editando o Ato Instituição N.5. Os Anos de Chumbo, como assim foram chamados, representou o período em que a população viveu perante grande temor e subjugada à violência estatal.
No início do governo do até então Estado da Guanabara (entre 1965-1970), Francisco Negrão de Lima tinha como campanha a mensagem de que ao final de seu governo, quando alguém batesse em sua porta, você poderia ficar tranqüilo que não se trataria da polícia, e sim do leiteiro. No entanto, não foi o que houve.
Mas se momentaneamente nada mudou no panorama nacional, tendo inclusive aumentado a repressão, ainda assim o movimento não fracassou. A maior revolução obtida foi a mudança de mentalidade. A população passou desde então a ter maior consciência política, que levou sim, em certo prazo, na redemocratização do país. Só me falta saber se, depois do ocorrido, ainda temos a mesma consciência de antes...
















5 outro(s) grão(s) se juntaram a este.
Alex,
Gostaria de parabenizá-lo pelo post. Bem escrito e historicamente correto.
Bem, os movimentos revolucionários de 1968 foram o embrião para as mudanças que vieram mais tarde: a democratização.
Você definiu bem a classe média: da apatia à ação. Ela ficou consternada cm a morte do jovem Éder Luiz, acompanhada pelos 50 mil aqui ditos.
Excelente post!
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Além dos movimentos sociais, o estopim para a redemocratização foi justamente a criação do AI 5. O povo não pode jamais suportar que suas liberdades mais básicas sejam violadas.
Mas eu me pergunto: se a economia continuasse a crescer 10, 12% ao ano, será que o Regime Militar teria fim? Vale a pena crescer à custa da perda de liberdade? E, ainda, sem desenvolvimento social?
Até mais, Alex!
Agradeço Daniel e Lucas pela visita.
E acrescento: Que crescimento econômico se sustenta em endividamento externo, um dos maiores de toda a história brasileira? Respondo: promovendo um período de concentração de renda que também foi igualmente histórico.
Um grande motivo de descontentamento popular, a valorização de uma elite em detrimento da grande maioria da população.
All3X
Muito bom e bem-escrito o texto! Adorei, nessas horas dá vontade de ser de outros tempos, sabe?! Uma certa nostalgia daquilo que nem vivi, mas preferiria a ter q viver o q vejo hoje acontencendo e só me dá tristeza e decepção, uma atrás da outra, sem nenhum ponto positivo exceto o de que deve estar burilando o espirito de todo mundo,rs
bjos
Tânia, posso até compreender o que disse, mas lembre-se: o legado que nos foi deixado pelo passado nos dá força para irmos adiante e fazermos novas conquistas.
Valeu,
All3X
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