As truculências do Estado

Grão lançado ao ar por All3X às 09:00 de domingo, 14 de junho de 2009

Aos comandos de superiores

Incapaz de ouvir e dialogar com a sociedade civil que legitimamente se organiza, o governo do estado de São Paulo reage determinando a ofensiva das forças da Polícia Militar (PM) contra os indivíduos em manifestação na Universidade de São Paulo (USP). O que só vem a evidenciar a disposição de truculência e agressividade do Estado, que se intitula Democrático e de Direito.

Desde meados de maio, servidores da USP entraram em greve reivindicando melhorias salariais. Do impasse com a reitoria e com a inclusão dos militares no campus, outros setores, como o corpo discente e docente da universidade, aderiram ao movimento. Os pedidos agora são de saída da reitora, Suely Vilela, para abertura de eleições diretas para escolha do novo corpo dirigente da instituição, imediata retirada da PM além da formação de uma comissão para se elaborar um novo estatuto para a universidade, revogando-se, por exemplo, a autorização de convocar a polícia ao campus que existe para o Conselho Universitário.

O governador José Serra (PSDB), contudo, insiste em afirmar que o governo apenas cumpre uma ordem judicial e que os policiais não cometeram exageros na repressão aos estudantes, razão para manter a PM na universidade. Mas como informado com precisão por Túlio Vianna, reintegração de posse nada tem a ver com liberdade de ir e vir, que se afirma estar cerceada; assim como nenhum juiz que autoriza tal pedido não confere também a prisão, pois não é de sua competência.

A Incrível Armada
Pública e pacificamente as entidades de professores, estudantes e funcionários se organizaram na cidade universitária (a mais respeitada da América do Sul) num ato legítimo de exercício dos seus direitos de associação e manifestação pública. Não há nenhuma razão que justifique o uso da violência física, com disparos de balas de borracha, utilização de bombas de gás lacrimogêneo e de ‘efeito moral’ contra os manifestantes. Vale lembrar que nem mesmo a ocupação em 2007 (que durou 51 dias) chegou a tal ponto.

Sérias e numerosas dúvidas me restam acerca se um governador como José Serra teria capacidade de se tornar presidente deste país. Seu autoritarismo e sua forma brutal em abordar com os setores sociais ficam agora expostos, com inúmeros excessos empreendidos. O estudante é reduzido a um potencial delinquente e agressor ao patrimônio, um tresloucado patológico que, ‘infundadamente’, se aglutina em balbúrdia. Mas nem isso dá razoabilidade para seu espancamento pelo batalhão de choque.

Uma gestão incapaz de se voltar ao diálogo e à negociação possíveis, que conduz a solução dos problemas recorrendo sistematicamente à força policial, não tem condições mínimas de governar.

Leia mais aqui e aqui.
(Imagem: Agência Estado)
Atualização:
"PM NELES*
O governador José Serra e seus sábios tucanos, bem como a reitora da USP, Suely Vilela, deveriam conversar com o professor Aloisio Teixeira, reitor da UFRJ. Ele recebeu uma universidade conflagrada, pacificou professores e estudantes e deixou a polícia de fora.
Serra e a doutora Suely fazem o caminho oposto. Militarizam a controvérsia e jogam os moderados no colo dos aparelhos.
Pode ser que haja na USP garotos (e professores) convencidos de que a democracia representativa é uma "máscara para acobertar a submissão do Brasil ao imperialismo". É besteira, mas é besteira velha, dita em 1963 pelo governador** que acionou a PM, quando assumiu a presidência da UNE."
*Nota de Elio Gaspari em sua coluna (hoje) nos jornais O Globo e Folha de São Paulo
**José Serra foi presidente da UNE entre 1963 e 1964

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2 outro(s) grão(s) se juntaram a este.

  1. Unknown disse:
    Postado em terça-feira, junho 16, 2009 6:20:00 PM

    Essa manisfestação dos estudantes da USP começou errado. É mal organizada e até agora não deu em nada. A PM está lá porque a reitora pediu e o governador aceitou. Acho que todos tem culpa na história. Se ao invés de fazer baderna os professores tivessem negociado com mais paciência com a reitora a situação não teria sido esta. Abraços.

     
  2. All3X disse:
    Postado em quinta-feira, junho 18, 2009 10:47:00 AM

    O erro de alguém não justifica o erro do outro. Não há a necessidade de se usar violência física para conter uma manifestação quando apenas se busca o diálogo. Cadê o exemplo?
    Valeu Guilherme,
    All3X

     

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